sábado, 1 de maio de 2010

Dúvidas sobre a vacina


Recebi por email esse texto e acho que é interessante.


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Decidi escrever um email com algumas informações sobre a vacina contra a influenza (gripe) depois de ter recebido, somente no dia de hoje, 4 emails de amigos me pedindo informações ou opiniões sobre o "genocídio programado pela WHO e pela indústria farmacêutica". Sou da opinião que quando recebemos um email muito apelativo, com informações que causam medo ou pânico, especialmente se tiver vários tipos e tamanhos de letras multi-coloridas, devemos acionar o desconfiômetro e checar informações. Primeiramente, acho que todos merecem saber como uma vacina contra influenza é pensada e feita, para poder entender algumas coisas.

A Organização Mundial da Saúde (WHO) monitora os casos de influenza no mundo, e sabe que tipo de vírus está circulando em cada parte do nosso planeta. Assim, monta o que é chamado de pool vacinal: o conjunto de cepas (tipos) de vírus influenza que circularam com maior frequencia em cada hemisfério. A partir deste pool vacinal é que a vacina é feita. Como? Através da inoculação de vírus em ovos embrionados de frango. Estes vírus depois são inativados, e a vacina em si é manufaturada.

A vacina para a tão famigerada gripe A nada mais é que a cepa A/H1N1 do vírus influenza (que circulou entre nós no ano passado), sozinha ou associada a mais duas cepas da influenza sazonal (gripe comum). Ou seja: todos os anos nossos idosos são vacinados contra a influenza no Brasil, e nunca se ouviu falar que isso fosse um plano montado pela Novartis ou pela Sanofi-Pasteur ou pela GSK, ou mesmo pelo nosso tupiniquim mas eficientíssimo Instituto Butantã para exterminá-los.

Os adjuvantes da vacina (timerosal e esqualeno) servem para aumentar a resposta imune, e são adicionados a algumas vacinas. Como a sua concentração é ínfima, não há riscos à exposição ao timerosal outros que reações locais (dor, vermelhidão). Entretanto, recomenda-se que gestantes e crianças até dois anos de idade não recebam vacinas com adjuvante. Tanto a rede pública quanto a rede privada dispõe de vacinas contra a influenza sem adjuvante reservadas especialmente para estas populações.

A vacina contra a influenza A tem sido administrada em milhões de pessoas no hemisfério norte desde o final de 2009, assim como em milhões de pessoas na Australia e na Nova Zelândia, e não há relatos de óbitos ou qualquer outro efeito grave associado a ela. É verdade que vacinas feitas a partir de vírus vivos atenuados podem causar um tipo de paralisia chamada de síndrome de Guillián-Barré, mas isso é raro.

As únicas pessoas com contra-indicação à administração de vacinas feitas a partir de ovos embrionados (como a da influenza) são as que tem alergia a ovos. Portanto, se você come salada de batata com maionese, e come xis com maionese e ovo, se come pizza ou mesmo aquela boa e gorda a la minuta e nunca teve coceira, inchaço no rosto ou dificuldade respiratória, fique tranquilo!

Outra coisa que é importante saber é que vacina é vacina, e Tamiflu é Tamiflu. Cada um no seu quadrado!

A vacina é um liquido contido dentro de uma seringa (se na rede privada) ou dentro de um vidro onde cabem 10 doses (se na rede pública) que serve para estimular nosso sistema imunológico a produzir anticorpos (defesas) contra uma doença - no caso, a gripe. O Tamiflu é o nome comercial do oseltamivir, um remédio que inibe a replicação do vírus influenza, e serve para tratar a doença. E não, ele não é feito a partir do anis estrelado. Ou seja: vacina serve para prevenir. Tamiflu serve para tratar o que não foi prevenido.

Obviamente que a decisão sobre vacinar-se ou não é individual, e não há uma obrigatoriedade, por parte do governo ou de quem quer que seja, para que as pessoas se vacinem. Entretanto, quem já teve um quadro de influenza sabe muito bem o quão incapacitante essa doença é: pelo menos 3 dias de febre alta e contínua, com muita dor no corpo e dor de cabeça. Quem já viu casos graves de pneumonia viral primária pelo vírus influenza sabe muito bem o quanto é angustiante (para o médico e para a família) ver uma pessoa jovem, muitas vezes grávida, morrer por causa disso.

Já que circula um email com informações incorretas, tendenciosas e irresponsáveis sobre um problema de saúde pública mundial, resolvi dar a cara a tapa e esclarecer as pessoas próximas a mim sobre isso.

De qualquer forma é importante continuarmos a lavarmos muito bem as mãos e usarmos continuamente, como um hábito para sempre, gel higienizante, este produto não deveria nunca mais sair de nossas bolsas, nossos carros, nossos banheiros, lavabos, no trabalho, etc. Como método de prevenção? Também, mas definitivamente como método de higiene.

Fora do Brasil isto já é um hábito, como sabonetes em nossos banheiros. Fora, não existe uma resisdencia que não tenha este produto definitivamente. Na zona sul, daqui de São Paulo, também vemos este hábito saudavel, ter se tornado comum. Faça o minimo por você e sua familia.

Abraço a todos,

MD Carolina Cipriani Ponzi
Médica Infectologista

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