terça-feira, 21 de julho de 2009

O risco do "apagão" logístico

Como ter um bom desempenho logístico em um país com dimensões continentais, distante dos grandes centros mundiais consumidores de combustíveis e altamente dependente do transporte rodoviário? O painel "Logística, transporte e distribuição" não apontou respostas definitivas a essa pergunta, mas traçou vários cenários que ajudam a entender a atividade e buscar alternativas para esses desafios.

Um ponto é claro. À medida que a indústria de óleo e gás cresce, a atividade logística ocupa mais espaço. Robert Willens, gerente sênior da consultoria empresarial Bearing Point, mostrou que de 2% a 3% do custo total das empresas se destinam à atividade logística. No downstream, essa percentagem sobe para 8% a 10%.

O professor Paulo Fernando Fleury, da Coppead/UFRJ, exibiu dados que confirmam o raciocínio de Willens. Pesquisa realizada para o Fórum Nacional de Logística, da Coppead, em setembro, ouviu as 1.000 maiores empresas brasileiras de indústria e varejo, incluindo o setor petróleo. Das ouvidas, 76% fizeram alterações logísticas nos últimos três anos. E 79% pretendem fazer mudanças nessa área nos próximos três anos.

O princípio "do poço ao posto", que rege as grandes empresas do setor, tem na logística um de seus nós, segundo Fleury. "O Brasil tem problemas com o custo da infra-estrutura. Há poucos dutos para derivados e gás, e o transporte rodoviário predomina. O desafio é repensar a matriz do setor petróleo", afirmou.

Fleury mostrou que 88% do transporte de carga no país são feitos por rodovias (o índice exclui o transporte do minério, que é ferroviário). Se incluído o minério, o índice cai para 60% - ainda assim, elevado. "Há uma tendência de migração do rodoviário para o ferroviário e aquaviário. Mas ainda há pouca oferta", avaliou.

O diretor de Dutos e Terminais da Transpetro, Marcelino Guedes Gomes, discorreu sobre as dificuldades logísticas no país, lembrando que o Brasil, ao mesmo tempo em que enfrenta grandes distâncias internas, está longe de grandes centros consumidores de combustíveis como EUA, Europa e China. "Ainda estamos fora das grandes rotas marítimas, e a estrutura dos portos não é eficiente", acrescentou.

Essas lacunas encontram no crescimento da produção do etanol - destinado aos mercados interno e externo - um desafio ainda maior. Gomes explicou que a estrutura da Petrobras está preparada para ser compartilhada, em etapas, com o etanol. "Integração e compartilhamento são as palavras-chave. O mundo demanda mais álcool, e o Brasil tem potencial para viabilizar esta exportação", afirmou.

Marcelino acrescentou que, no futuro, o Brasil será exportador de óleo cru, derivados e etanol, o que exigirá ainda mais esforços na área logística. "Teremos de investir maciçamente em logística para ajudar a inserir o Brasil no mercado global", argumentou.

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